quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Ocupe seu lugar nesta grande mesa!


As funções de um educador estão mudando e não acho que a maioria se dê conta de que isso é um fato.
Não é de hoje que ouço e leio que o mundo está mudando cada vez mais rapidamente e que a única instituição que pouco se modificou foi a escola.
Pois bem, estas duas frases podem parecer contraditórias, mas não são: os papéis de todas as pessoas dentro de uma instituição de ensino exigem mudanças para acompanhar as necessidades deste novo mundo, mas as pessoas que deveriam ocupar estes papéis ainda não assumiram estas novas funções como suas.
Explico melhor.
Em quase todos os estabelecimentos de ensino que tenho conhecimento, há uma fala comum de que cada funcionário tem sua parcela de importância para a educação dos alunos ali presentes, pois são modelo de educação, higiene, ser humano e representam as diferentes funções que adotamos na vida, em seus diferentes níveis. Difícil é ver todos os professores, por exemplo, cumprimentando a todos numa escola. Uns o fazem. Outros, nem percebem a existência de outros seres humanos nos recintos...
Se falarmos dos professores, então...
Hoje em dia um professor tem que pensar muito mais do que quando eu era aluna. Pensar em quais intervenções fará com o seu grupo de alunos – e para isso precisa tê-los avaliado agindo em conjunto mesmo, suas reações, gostos, nuances, discrepâncias, incoerências e dinâmica – e pensar em quais intervenções fará com cada aluno para que ele melhore e cresça, em relação a si mesmo e ao resto do grupo. Precisa diagnosticar seu próprio fazer e intervir em suas próprias ações. Precisa pensar que cada grupo de trabalho tem características únicas e que, por isso, não reage da mesma forma às mesmas coisas. Por isso, precisa planejar adequando cada atividade a estas características.
Hoje em dia, um professor precisa dar espaço, aproveitando melhor suas possibilidades. Precisa compreender que, num mundo em que as respostas podem mudar rapidamente, é preciso ensinar a fazer as perguntas, saber selecionar e fazer escolhas.
No entanto, apesar de terem esta fala na ponta da língua, nós, professores, ainda nos comportamos como os donos da Verdade.
Sabemos montar diversas atividades, usar novas tecnologias e novos materiais, mas que, muitas vezes, continuam inconsistentes e servindo a um modo de ensinar que transmite e não produz conhecimento.
É fácil mascarar esta nossa inconsistência em materiais modernos, atividades criativas ou imagens bonitas. Afinal, as famílias de nossos alunos nem sempre têm como avaliar este nosso desempenho, pois valorizam a tecnologia que começamos a usar.
Acompanhar tecnologicamente o mundo é preciso, mas usar desta tecnologia da mesma forma como se usavam os livros, é só mudar o instrumento de trabalho.
É bom lembrar que posso usar caneta, lápis, carvão ou pena, mas continuar a escrever as mesmas idéias.
É preciso escrever novas idéias, pois o mundo mudou e está em rápida mudança.
É papel do professor pensar e repensar em como usa cada ferramenta que tem.
Deste ponto de vista, adorei uma fala destes dias: o papel da coordenação pedagógica mudou ao longo dos últimos anos. Antes, ela servia para verificar se os professores cumpriam suas tarefas, para manter a ordem e para organizar fazeres. Estava a serviço da instituição. Hoje ela tem mais a função de formadora destes educadores. Está a serviço deles, para colaborar na constante reflexão destes educadores e dar espaço para agirem como devem. Educadores de educadores.
Ocupam, assim, uma função reflexiva, a serviço da Educação, sobre os olhos dos valores que a Instituição tem.
Formar educadores, portanto, é um grande desafio!

Denise Pinhas Pereira

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