segunda-feira, 14 de junho de 2010

Carta para revista Veja




Caros senhores:

Após ler a reportagem “Salto no escuro” que saiu em sua revista no dia 12 de maio, de autoria do senhor Marcelo Bortoloti resolvi me manifestar e colocar aqui meu parecer.
Algumas questões apontadas nesta reportagem são muito pertinentes, já que realmente muita gente ainda não sabe do que se trata o construtivismo. No entanto, fiquei um tanto surpresa por ver um tema tão importante ser tratado num tom sensacionalista por esta revista que todos sempre têm em alto conceito. O tom do texto é perturbador, pois é acusativo, catastrófico e, com certeza, alarmou muita gente.
Concordo que a questão deve ser debatida e, acredite, vem sendo. De vinte anos para cá, todas as escolas que se autodenominam construtivistas e que levam a educação a sério nunca deixaram de refletir sobre as questões ali colocadas, nem são mais “fechadas” a determinadas práticas educativas como afirma o senhor Marcelo.
Boas escolas construtivistas não abandonam seus alunos construindo saberes sozinhos. Muito pelo contrário. O professor de hoje tem muito mais trabalho em seu dia a dia, pois tem que planejar visando o grupal e para o individual. O bom professor de hoje, é um investigador do seu fazer e das necessidades de cada pessoa pela qual tem a responsabilidade de ensinar.
Para exemplificar, vou abusar dos exemplos colocados no quadro da reportagem:
Primeiro quadro: boas escolas construtivistas, hoje em dia, sabem que QUASE NUNCA associamos imagem à língua escrita, pois o mundo que nos cerca não é etiquetado e legendado. Este é um princípio importante na alfabetização. Normalmente encontraremos listas de palavras associadas à imagem em escolas tradicionais...
Segundo quadro: desconheço escolas – boas – que mantêm o aluno aprendendo somente com exercícios práticos. Eles são um princípio de compreensão, mas o caminho da Matemática é a busca da abstração, portanto, seria uma incoerência estudar tanto e cometer este deslize.
Terceiro quadro: no terceiro exemplo – além de ter usado a imagem para ensinar a língua, sendo incoerente com o que disse acima na reportagem, tenho a dizer que sim, aproximamos os alunos da regra pela análise das inúmeras leituras, mas , assim como na Matemática, este é o contato inicial que justifica maiores discussões, exercícios e compreensão das mesmas.
Continuando: não posso responder sobre a prática realizada em todo o Brasil disso que, chama-se construtivismo e que, de fato, se alastrou como uma febre em determinada época. No entanto, posso afirmar que de alguns anos para cá este quadro de formação de educadores melhorou e grandes avanços foram feitos.

Há uma carência de formação, sim, mas não é recente. Já existiam escolas muito ruins, professores despreparados e defasagem educacional antes do construtivismo. Lutamos no Brasil com uma carência educacional, mas que é fruto da política educacional anterior. A desvalorização da classe de educadores, já tão debatida e que não pretendo retomar aqui, causou grandes danos, a ponto de trazer esta postura pessimista que pesa – e pesa muito- sobre a reportagem que comento.
Entendo que o senhor Marcelo se baseou em uma pesquisa, mas seria interessante mostrar uma série de outras que apontam para a melhora dos níveis de ensino e talvez, procurar a assessoria de mais educadores antes de escrever sobre tradicionalismo – que engloba tanta coisa – e construtivismo – que abarca mais outras tantas.
Acredito que seria mais justo com tantos pais de alunos, leigos, que se abalaram com sua reportagem e traria mais respostas do que medos. Fazer isso com leigos chega a ser uma irresponsabilidade, vindo de um veículo tão conceituado como a revista Veja.

Obrigada,

Denise Pinhas Pereira
educadora


domingo, 13 de junho de 2010

Grande!


Procure a verdade, crie e seja digno do título de professor.

(provérbio chinês)