domingo, 3 de agosto de 2008

OLIMPÍADAS: UM DESAFIO, UM PRAZER

(Arremesso de legumes)


Quem é que nunca passou, pelo menos alguns momentos de sua vida, grudado na tela da TV, torcendo pelo Brasil numa Olimpíada?
Essa é uma época que mexe com as nossas emoções e nosso espírito nacionalista (mesmo que isto não seja necessariamente nacionalismo...).
Nestes momentos significativos da história e aos quais todos da sociedade acabam envolvidos de alguma forma, uma visão aberta cabe ao educador.
Grandes eventos, como eleições, Guerras, desastres mundiais, Copa do Mundo e Olimpíadas, mobilizam e sensibilizam. O mundo pára.
Porque, então, deixar nossos pequenos da Educação Infantil sem entender exatamente do que todos estão falando? Os Jogos Olímpicos propiciam o contato com diferentes conteúdos, sejam eles planejados ou não pelo professor.
É prazeroso usar jornal, revistas e a Internet de maneira tão significativa em sala de aula, afinal, precisamos saber a programação da TV, o quadro de medalhas, o nome de nossos atletas, as fotos e comentários curiosos sobre as chances brasileiras. Aos poucos, os alunos começam a procurar sozinhos estas informações, para torcer e compreender melhor as regras de esportes antes desconhecidos, como esgrima, marcha atlética e maratona.
O uso de portadores de textos ganha um peso real que muito poucas vezes é conseguida com naturalidade e espontaneidade.

“- Será que já o Daniel Hernandes conseguiu a medalha de bronze no judô? Quando eu saí de casa ainda não sabia o resultado...”
“-Que tal a gente ir olhar na Internet? Lá já deve ter o resultado.”

E as histórias da mitologia grega, então, que estão diretamente relacionadas com este evento? Um sucesso! Assim, além de mais em gênero textual ser introduzido, de falarmos de História da civilização, os heróis e deuses gregos auxiliam a turma a melhorar seu traço, pois todos querem saber como desenhar Zeus, Hércules, a Hidra de Lerna...
Calcular quantas medalhas faltam para o Brasil ultrapassar sua marca de Sidney, observar gráficos e tabelas de jogos, pensar como Robert Scheidt conseguiu ser campeão, chegando em sexto na última regata... Matemática a serviço dos pequenos torcedores!

“- Vamos brincar de atletismo?”

Num passe de mágica, na brincadeira que imita a verdade, estão trabalhando os fundamentos físicos: saltar, arremessar, pular, rolar, correr, chutar...
Poder olhar o mapa, descobrir como nosso país é tão grande, a Grécia tão pequena... É um país rodeado de mares, puderam entender isso na Festa de abertura...
Também a abertura propiciou grandes momentos de discussão, reflexão:
“- Meu pai me disse que a Coréia é um país dividido por uma guerra, mas que desfilaram juntos. Legal, ? Por que não se juntam de novo?”

“- Viu que o Iraque, que teve a guerra, foi muito aplaudido?”
“- Nas Olimpíadas os países do mundo todo disputam jogos, brigam por uma medalha, mas é uma festa legal, por que não é brigando”
“- É uma festa da paz!”

Mas... o que tem de tão mágico ao conversar dos outros países?
Durante os jogos, muitas vezes conversamos sobre atletas que não eram brasileiros e sobre outros que nem ganharam nada. As crianças puderam admirar o esforço e a superação e foi interessante poder passar esta conclusão para o seu dia-a-dia:

“- Mais legal que ser melhor que os outros é conseguir ser melhor do que já fui antes.”

Tudo isso poderia ter passado em branco, ou poderia ter sido trabalhado com superficialidade. É aí que o olhar e a sensibilidade do professor pelo interesse da turma faz a diferença. Medalha de ouro para o conhecimento!


Denise Pinhas Pereira



obs.: este texto foi escrito logo após as Olimpíadas de Atenas, em 2004.


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